A insustentável leveza

A insustentável leveza do ser pode ser compreendida como a insuportável durabilidade da vida, ou inconstâncias incontroláveis do indivíduo.

Enquanto a beleza da vida está posta a sua frente, de forma a não sustenta-la, por vezes, torna-se, o homem, a tristeza encarnada.

Se perder nesta que seria a maravilha da vivência humana, ou seja, a sua própria definição, como inconstante, incompreensível, incompleta, incorporada em acasos e simplesmente indecifrável, é se perder na humanidade.

Quando não mais se aperfeiçoa o homem, e deixa de perceber os prazeres humanos, a vida como um todo perde o sabor. Viver sem um porquê, mesmo que este subjetivo e relativo, individual e intransferível, não é viver, é sobreviver, andar em automático pelas tortuosas vias mundanas.

A essência do homem aparece no momento final da sua vida. Apenas alguns, no decorrer da mesma, a percebe. E quando o faz, se não há luta íntima e interna, não o fez. Quando há, a desconstrução deve ser imediata. Largar os pedaços construídos em volta. Mergulhar no mais profundo lago, e emergir totalmente puro, sem as imperfeições apresentadas desde a composição social. Arrancar de si a máscara que formou e moldou, explodir o peito que inflou, cortar as pernas que por outros caminhos o levou, trucidar os braços que pessoas incertas abraçou, tirar os cabelos, a barba, os vícios, que um dia, valorou.

A insustentável leveza do ser e perceber que ser leve é dever. Enquanto o peso da vida, é invisível.

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