“Você tem uma profundidade grande demais pra um rolê casual”

Me disseram isso um tempo atrás. Cinco minutos atrás. E desde então venho remoendo pensamentos antigos e passagens constates na minha vida. Gosto quando falo nos Atos que aquela morena idiota era um oceano onde eu amaria morrer afogado, ou algo assim, com um aceno obsceno a algo que possivelmente poucas pessoas sabem sobre ela. Ao mesmo tempo, um grito irritante no pé do meu ouvido sobre o jeito que eu trato meus mergulhos.

Me apaixono constantemente, como constantemente me mantenho constante em dizer, onde minha mente mente em refazer, minha poesia se perde em entender… Bem, se, e apenas se, me apaixono tantas vezes por pessoas, até sem querer, eu então mergulho como se quisesse apenas viver, sobreviver, adormecer. Amar e esquecer quem sou, pra onde vou, de onde saí, se vale a pena ir…

Enfim, o ponto é que eu não me apaixonei dezenas de vezes, exatamente por isso foi tão impulsivo, grandioso, intenso, glorioso. Não me apaixonei nem ao menos uma vez, porém, em livros, isso não é tão bonito. Se fosse paixão, amor, algo meramente próximo a isso, não contaria aos quatro ventos sobre, nem escreveria sobre, nem gostaria de falar sobre. Ficaria apenas pra mim. Como o suicidio ficou por tanto tempo. Coloquei pra fora apenas no momento que não era mais uma ameaça e sim uma consequência.

Parece que o grito que sempre grito é uma espécie de: Eu suplico!

É uma oração, com joelho no chão. Sem chance de se transformar em um não. É um pedido: Seja real! Então… Transformo em um exagero megalomaníaco. Indico: não crie paixões quando não se pode nutrir.

Por isso sempre tento fugir.

Desapareço e me despedaço em sofrimento inventado, parte porque sei que não mereço.

Parte porque criei o que não conheço.

Não sinto falta das companhias que me faziam as 5 ou 6 mulheres por quem ainda me entristeço. Não sofro pela falta das mulheres que na minha vida se fizeram presentes. Não. Sofro meramente pelo não que escutei de cada uma delas. Pela negativa de me amar, pela negativa básica de acreditar que eu as poderia amar. Ou pior, sofro por elas não me amarem. Simples e simplesmente.

E a minha mente ainda mente em rimas refeitas, inteiras de palavras que surgem e desaparecem. Por que não me amaram? Se não era reciproco da minha parte, elas que sofram.

Já descobri, por conta própria, que a criação da minha condição de alguém com depressão foi somente por malcriação. Não, escolha erradas de palavras. Coloco aqui aquele mestre famoso e me disfarço de inteligente outra vez. Malcriação não, ótima criação. A perfeição de uma vida abastada de amor e certa consideração, o que considero um conhecimento acima da média e alguma adoração, um bom Deus, avós, tios e irmão. O que faltava em minha vida era a tristeza e compaixão. Minha, pelos meus.

Criei o que poderia ter me matado por não ter aceitado que estava tudo bem. Ou que ficaria tudo bem. Ou que eu deixaria tudo bem.

Se criei minha tristeza também criei os amores que vivi. Por puro egoísmo e destruição. De mim por mim. Formas de me matar aos pouquinhos. Falta de aceitação. Se não me entendiam eu conquistava. Se gostavam, me entregava, se eram oceanos, eu mergulhava, se muito fundos, afogava. Se rasos, me revoltava. Se verdadeiros, mentia, se falsos, acreditava.

Fui me desfazendo em braços abertos de mulheres que fingia que amava.

Me refazendo nos meus equanto me admirava.

Se termino o Bendito Fruto de Bento aguardando mais uma paixão, termino este texto gritando pela minha primeira e verdadeira paixão. Se nunca vier, terei todas as minhas invenções comigo e continuarei, inventando para permanecer vivo.

  

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